Aonde vamos parar?

5,10,20,30,44 e por ai vai... O número de mortos só aumenta a cada nova reportagem transmitida pelas emissoras de TV.

O sofrimento das famílias, a dor pela perda de entes queridos, sejam eles bandidos ou trabalhadores, transformam-se em números, estatística da morte, da violência, do caos e da falta de sensibilidade que habita nossa sociedade.

Somos "consumidores" da desgraça alheia, das estórias dos João Hélios, Isabellas, Eloás... Perdemos horas em frente a TV acompanhando todos os detalhes sórdidos fornecidos pela mídia a respeito de seus destinos.

As tragédias dão muito mais audiência do que as pessoas que procuram fazer o bem, elas ganham cobertura "ao vivo", espaços enormes, tardes inteiras de transmissão e milhões de pessoas esperando o pior, ou explorando a tragédia alheia.

Sinceramente, há algum tempo tenho evitado telejornais, jornais e afins. Não, não quero viver alheia à realidade, não quero me fechar em um "mundo cor-de-rosa". Só não agüento mais a hipocrisia de dizer que "essas coisas acontecem toda hora".

Na verdade o que me incomoda mais no assunto é a forma banal como ele é tratado, notícias assim dividem espaço com as dicas de final de semana... Como se fossem naturais, banais.

Onde é que nós estamos? O que aconteceu com nossos valores? É essa sociedade que vamos deixar aos nossos filhos? Se é que eles vão conseguir sobreviver a ela...

O cara sacou 7 mil no banco, o bandido tentou roubar o dinheiro. Não conseguiu e atirou na cabeça de um senhor de 71 anos! Assim como se mata uma barata? O promotor matou a mulher grávida de sete meses, o cirurgião assassinou e esquartejou a namorada, o maluco assassinou uma menina de 9 anos e "guardou" os pedaços dela em uma mala, o francês sem carteira de motorista bebeu todas e bateu o carro acabando com o futuro de uma garota inocente, o namorado matou a ex porque ela não queria reatar o namoro...

Pára, pára... Não agüento mais! E temos até programas especializados em desgraça, aqueles que sobrevivem da audiência da violência, da apologia ao crime...

Aonde vamos parar? E ainda somos chamados de humanos? Humanos!? Cadê?

Vivemos reféns do medo, da insegurança, da violência. É culpa da polícia, do estado? Não a culpa é nossa, nós que nos "acostumamos" com essa realidade insana que nos é apresentada todos os dias pela TV.

Pelo amor de Deus, onde foi parar nossa consciência? Nossa sensibilidade? Tornamos-nos frios consumidores da desgraça e ainda achamos que é tudo normal...